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sábado, 23 de fevereiro de 2013

FEBRE ALTA

A febre é um mecanismo de defesa do organismo fazendo parte da resposta imunológica a diversos fatores: Infecções, doenças reumatológicas, tumorais, corpo estranho e há também a febre de origem psicogênica.
 
A temperatura do corpo atinge seu nível mais baixo entre as 2 e as 4 horas da manhã, e ainda é relativamente baixa na hora que acordam, subindo lentamente até atingir entre as 18 e as 22 horas o ponto máximo ( até 37.5) sendo considerado febre-temperatura acima de 37.8.

O organismo infantil geralmente tolera bem a febre. Admite-se mesmo que o aumento de temperatura concorra para aumentar as eficiência das defesas do corpo contra infecção. A intensidade da febre não é sinal de gravidade da doença.
Existem alterações concomitantes a febre como, perda de apetite, sonolência, dores no corpo, irritabilidade.

Quando a temperatura ultrapassa 38º C deve-se utilizar antitérmicos banhos mornos, roupas frescas e administrar muitos líquidos para as crianças. Os sinais e sintomas associados a febre devem ser observados e a criança encaminhada para o serviço médico.
O que aterroriza os pais em relação a febre é a convulsão febril que se instala quando a temperatura aumenta bruscamente em crianças sensíveis.

Estudos mostram que a convulsão febril é benigna que não há prejuízo na capacidade neurológica.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

AFOGAMENTO - COMO EVITAR E CUIDADOS

No Brasil, afogamentos são a segunda causa de morte e a sétima de hospitalização, entre os acidentes, na faixa etária de 1 a 14 anos. Segundo o Ministério da Saúde, em 2010, 1.184 crianças de até 14 anos morreram vítimas de afogamentos, o que representa uma média diária de quase 3 óbitos. É importante salientar que os perigos não estão apenas nas águas abertas como mares, represas e rios. Para uma criança que está começando a andar, por exemplo, três dedos de água representam um grande risco. Assim elas podem se afogar em piscinas, cisternas e até em baldes, banheiras e vasos sanitários.
 

Outro fator que contribui para que o afogamento seja um dos acidentes mais letais para crianças e adolescentes é que o mesmo acontece de forma rápida e silenciosa. Vamos imaginar um banho de banheira de um bebê:
 

• Ao deixar a criança na banheira para pegar uma toalha: cerca de 10 segundos são suficientes para que a criança fique submersa;
 
• Ao atender ao telefone: apenas 2 minutos são suficientes para que a criança submersa na banheira perca a consciência;
 
• Sair para atender a porta da frente: uma criança submersa na banheira ou na piscina entre 4 a 6 minutos pode ficar com danos permanentes no cérebro.
 
Como proteger a criança de um afogamento
  

Um adulto deve supervisionar de forma ativa e constante as crianças e adolescentes, onde houver água, mesmo que saibam nadar ou que os lugares sejam considerados rasos. Seguem algumas dicas para prevenir afogamentos com crianças:
 
• Esvazie baldes, banheiras e piscinas infantis depois do uso e guarde-os sempre virados para baixo e longe do alcance das crianças;
 
• Mantenha baldes com água no alto, longe do alcance das crianças;
 
• Conserve a tampa do vaso sanitário fechada, se possível lacrada com algum dispositivo de segurança “à prova de criança” ou mantenha a porta do banheiro trancada;
 
• Mantenha cisternas, tonéis, poços e outros reservatórios domésticos trancados ou com alguma proteção que não permita “mergulhos”;
 
• Piscinas devem ser protegidas com cercas de no mínimo 1,5 m que não possam ser escaladas e portões com cadeados ou trava de segurança que dificultem o acesso dos pequenos;
 
• Alarmes e capas de piscina garantem mais proteção, mas não eliminam o risco de acidentes. Esses recursos devem ser usados em conjunto com as cercas e a constante supervisão dos adultos;
 
• Grande parte dos afogamentos com bebês acontece em banheiras. Na faixa etária até dois anos, até vasos sanitários e baldes podem ser perigosos. Nunca deixe as crianças, sem vigilância, próximas a pias, vasos sanitários, banheiras, baldes e recipientes com água;
 
• Evite brinquedos e outros atrativos próximos à piscina e reservatórios de água;
 
• Saiba quais amigos ou vizinhos têm piscina em casa e quando levar a criança para visitá-los, certifique-se de que será supervisionada por um adulto enquanto brinca na água;
 
• Boias e outros equipamentos infláveis passam uma falsa segurança. Eles podem estourar, virar a qualquer momento e ser levados pela correnteza. O ideal é que a criança use sempre um colete salva-vidas quando estiver em embarcações, próxima a rios, represas, mares, lagos e piscinas, e quando estiver praticando esportes aquáticos;
 
• Crianças devem aprender a nadar com instrutores qualificados ou em escolas de natação especializadas. Se os pais ou responsáveis não sabem nadar, devem aprender também;
 
• Muitos casos de afogamentos aconteceram com pessoas que achavam que sabiam nadar. Não superestime a habilidade de crianças e adolescentes;
 
• No mar, a vala aparenta uma falsa calmaria, mas representa o local de maior correnteza que leva para o alto mar. Ensine a criança a nadar transversalmente à vala até conseguir escapar ou a pedir socorro imediatamente;
 
• O rápido socorro é fundamental para o salvamento da criança que se afoga, pois a morte por asfixia pode ocorrer em apenas 5 minutos. Por isso é tão importante que pais, responsáveis, educadores e outras pessoas que cuidam de crianças aprendam técnicas de primeiros socorros;
 
• Tenha um telefone próximo à área de lazer e o número do atendimento de emergência (SAMU: 192 e Corpo de Bombeiros: 193).
 
Ensine a criança:
 
• Sempre nadar com um companheiro. Nadar sozinho é muito perigoso;
 
• Respeitar as placas de proibição nas praias, os guarda-vidas e verificar as condições das águas abertas;
 
• Não brincar de empurrar, dar “caldo” dentro da água ou simular que está se afogando;
 
• Saber ligar para um número de emergência e passar as informações de localização e do que está acontecendo em caso de perigo.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

DENGUE COMO COMBATER : Citronela, o repelente ecológico

Essa planta é parecida com a erva-cidreira e de suas folhas é retirado um óleo capaz de deixar os bichos bem longe do corpo e do lado de fora dos ambientes. Tanto poder tem uma razão química: o óleo essencial tem mais de oitenta componentes, entre eles citronelal, geraniol e limoneno, agentes que afugentam moscas e mosquitos. O cheiro é semelhante ao do eucalipto e, segundo a aromaterapia, tem propriedades tônica, anti-séptica e desinfetante. Além do óleo essencial, é possível encontrar mudas da planta e vários produtos à base de citronela, como loções e sprays, para a pele, e velas e incensos, para a casa. O melhor para ambientes é usar o óleo essencial aquecido em difusor. Siga as receitas a seguir e aproveite os efeitos da citronela no corpo, nos ambientes e no jardim. 
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Óleo de citrolena para o corpo
Misture uma parte de óleo essencial de citronela (de boa procedência) com duas partes de óleo de amêndoa, uva ou camomila. Para bebês, a mistura pode ser mais diluída, feita com uma parte de óleo essencial para três de óleo-base.
Dentro de casa
Para ambientes com até 16 m2, pingue três gotas do óleo essencial de citronela na água de um difusor (peça de cerâmica encontrada em farmácias homeopáticas e casas especializadas em aromaterapia). Se necessário, renove a água com essência a cada cinco horas. A aromaterapeuta Maria Mizrahi recomenda ligar o aparelho duas ou três horas antes da utilização do ambiente, pois o aroma é cítrico e pode irritar as vias respiratórias ou causar sensação desagradável. 

No vaso, no canteiro e no jardim
Por ser um tipo de capim, a citronela é de fácil multiplicação e não requer grandes cuidados. Reparta as mudas (tiradas de uma touceira ou adquiridas em lojas de jardinagem), corte as folhas e enterre o talo verde com um chumaço de raiz numa cova de tamanho proporcional, cavada em lugar ensolarado. Cubra com terra misturada a material orgânico (esterco de galinha ou gado). A planta atinge 1 m de altura e de circunferência e não costuma atrair pragas.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

DOENÇAS RARAS E A LUTA CONSTANTE

Família faz campanha para realizar tratamento do filho em clínica no Peru.
Menina de 2 anos conseguiu terapia gênica pioneira em instituto da Itália.

 
Carlos Eduardo e Ana Carolina sofrem de leucodistrofia metacromática - Goiânia (Foto: Arquivo pessoal)Carlos Eduardo, de 4 anos, e Ana Carolina, de 2, têm leucodistrofia metacromática (Foto: Arquivo pessoal)
Uma família de GOIANIA que tem dois filhos com leucodistrofia metacromática, uma rara doença degenerativa, luta para tratar da doença. Após conseguirem um bom resultado para a filha de 2 anos com um tratamento na Itália, Ana Maria Miranda Fernandes, 25 anos, e  Wesley Fernandes Pereira, 36 anos, buscam agora uma terapia alternativa para o filho mais velho, Carlos Eduardo, de 4 anos.

Desde os 2 anos, Carlos Eduardo não se movimenta. Atualmente, ele não fala e se alimentar por meio de uma sonda. A única esperança para controlar os sintomas da doença, que levam à morte, é um transplante de células-tronco retiradas da medula óssea, que, além de caro, não tem reconhecimento científico. “Mesmo se não der certo, pelo menos eu tentei”, disse a mãe da criança.
Sem diagnósticos positivos para o filho no Brasil, Ana Maria buscou ajuda em uma clínica em Lima, capital do Peru. A criança já realizou a primeira etapa do procedimento experimental e agora os pais querem concluir o tratamento.

A busca de ajuda no exterior também foi o caminho encontrado para a filha mais nova , Ana Carolina, quando ela tinha apenas 1 ano. Mas em condições bem diferentes. A menina faz parte de um programa que alia células-tronco à terapia gênica realizado no Instituto São Rafael, em Milão, na Itália.
Crianças com leucodistrofia metacromática em Goiânia (Foto: Gabriela Lima/G1)
 
Ao lado do irmão Carlos Eduardo, Ana Carolina
se mostra ativa
 
A família já viajou duas vezes com a criança ao país europeu, onde recebeu atenção especializada. Nesse caso, todas as despesas, incluindo passagens, hospedagem e alimentação, foram pagas pela unidade de saúde estrangeira.
Para o neurologista infantil Helio Van der Linden, que cuida das duas crianças em Goiânia, o caso de Ana Carolina é, até o momento, um sucesso. No entanto, o especialista desaconselhou a ida dos pais ao Peru. Ele explicou o motivo: “Todo tratamento que não tem respaldo no meio médico, em fase de pesquisas, de maneira alguma pode ser comercializado. Não se pode cobrar para a realização de um tipo de tratamento que ainda não se sabe sobre a sua eficácia e, sobretudo, segurança”.
Apesar do alerta do especialista, após o tratamento de Ana Carolina, os pais concentraram as forças em Carlos Eduardo. Mesmo sabendo que um resultado igual ao da menina não é possível para o filho mais velho, Ana Maria e Wesley iniciaram uma campanha para tentar conseguir o dinheiro da viagem.

O custo é alto, estimado em cerca de R$ 135 mil. Só pelo procedimento a família deveria desembolsar US$ 65 mil, divididos em duas parcelas de U$ 32.500, uma para cada uma das visitas necessárias para as aplicações de células-tronco. Fora os gastos com passagem, alimentação e hospedagem para os pais e a criança.

Com a ajuda de uma paróquia da capital, os pais conseguiram parte do dinheiro para irem para o país vizinho em junho deste ano, quando Carlos Eduardo fez a primeira etapa do tratamento. Agora, precisam de uma nova aplicação nos próximos três meses, e a família corre contra o tempo para conseguir arrecadar o dinheiro que ainda falta para a viagem.

"Temos R$ 22 mil e um carro para leiloar, que sobraram da primeira etapa da campanha, mas precisamos de mais", contabilizou o pai da criança.

Crianças com leucodistrofia metacromática em Goiânia (Foto: Arquivo pessoal)Ana Carolina quando fez terapia gênica no hospital da Itália, em novembro de 2011 (Foto: Arquivo pessoal)

A família garante que Carlos Eduardo apresentou melhoras após a primeira aplicação. “Ele babava o tempo inteiro, agora não baba mais. Ele já consegue até engolir água e até mordeu meu dedo”, diz a mãe com empolgação.

Para o pai de Carlos, o filho está mais tranquilo. “Ele ficava muito nervoso, dava crises e chorava bastante”, relata.

Por questões éticas, o neurologista infantil Helio Van der Linden não comenta o tratamento ao qual Carlos Eduardo foi submetido. Mas o médico se mostrou bastante otimista com os resultados obtidos por Ana Carolina no Instituto São Rafael.


Drama
Ana Maria conta que o filho era um bebê normal, mas começou a apresentar dificuldades de locomoção pouco antes de completar o segundo ano de vida. "Ele estava ruinzinho para andar e, quando fez 2 anos, perdeu todos os movimentos. Foi muito rápido. O médico pediu uma ressonância e, antes de sair o resultado, ele não andava mais", lembra a jovem.
Daí em diante, a família começou a vivenciar um drama. "Foi um baque tão grande quando o médico falou que era uma doença degenerativa e não tinha cura. Procurei três neurologistas e eles eram bem pessimistas, falavam que o meu filho ia morrer", relatou.
Carlos Eduardo com a mãe, em Goiás (Foto: Gabriela Lima/G1)
Carlos Eduardo sorri ao ouvir conversa da mãe
 
Para o pai de Carlos, o primeiro anos o surgimento do problema foi o mais difícil. "Foi um período de muito sofrimento, meu filho não tinha acompanhamento médico e nenhuma expectativa positiva", relata.

Mas os pais de Carlos Eduardo não desistiram. Pesquisando na internet, Ana Maria encontrou um caso semelhante ao do filho que estava sendo tratado no Peru. A possibilidade acendeu as esperanças, mas duas barreiras impediam a família de seguir em frente: o alto preço cobrado e a incerteza da idoneidade da clínica.

O casal continuou a peregrinação em busca de um especialista que desse alguma esperança. Os pais de Carlos Eduardo chegaram, então, ao neuropediatra Hélio Van Der Linden Júnior, no Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer), em Goiânia. Apesar de confirmar o diagnóstico dos outros especialistas, Van Der Linden alertou a família para outra questão importante: a filha menor provavelmente teria a mesma doença.

De acordo com o neurologista infantil, geralmente, após a leucodistrofia metacromática se apresentar em um filho do casal, o irmão mais novo também é acometido pela doença. O diagnóstico precoce aumenta as chances de tratamento.

Com a ajuda do médico, os pais conseguiram incluir a filha mais nova na terapia experimental realizada na Itália. A família viajou para a Europa em outubro de 2011.

No primeiro mês, Ana Carolina passou por uma bateria de exames. Havia sinais da doença nos nervos e uma ressonância magnética apontou uma mancha na cabeça da menina.

Em novembro, a menina passou por uma etapa de terapia gênica e ficou 48 dias internada. No mês de maio, a família voltou com Ana Carolina para a Itália. Ela passou por uma nova bateria de exames e, segundo os pais, tudo parecia bem. “Ela fez outra ressonância e a mancha na cabeça desapareceu”, conta a avó, a costureira Ivanilde Miranda Rocha, 47 anos, que acompanhou todo o processo.

Crianças com leucodistrofia metacromática em Goiânia (Foto: Arquivo pessoal)
 
Ana Carolina durante tratamento na Itália, em 2011
 
Na última semana, recebeu a visita de uma equipe médica italiana, que avaliou o estado da menina. Atualmente, Ana Carolina vive como uma criança normal. É sapeca, se comunica bem e corre por toda a casa.

“Esse tratamento foi tudo, porque, se não tivesse feito, agora ela estaria igual ao Carlos”, diz a mãe. A inclusão de Ana Carolina no programa do hospital italiano só foi possível porque a doença foi descoberta nos primeiros meses de vida da criança.

Carlos Eduardo não teve a mesma oportunidade. Quando os pais obtiveram o diagnóstico do problema, ele já havia perdido todos os movimentos.

Esperança

 Já se passaram nove meses desde que Ana Carolina se submeteu à terapia experimental na Itália. Até agora, ela não desenvolveu os sintomas clássicos e graves da doença. Continua andando, falando, correndo, com desempenho cognitivo normal para a sua idade.

Na atual idade dela, Carlos Eduardo já não andava mais. “Caso ela não tivesse sido submetida ao tratamento, já teria manifestado sinais clínicos da doença, da mesma forma como aconteceu com seu irmão. Contudo, ainda há um longo período de seguimento e realização de exames para que o tratamento seja considerado curativo de maneira definitiva”, disse o médico Van der Linden.

“Caso se confirme o sucesso que todos esperamos no caso da Ana Carolina, será sem dúvida uma janela de oportunidade que se abre para o tratamento de doenças genéticas e degenerativas. O uso de células-tronco e a terapia gênica são a esperança de milhões de pacientes”, explicou o neurologista.

Pioneirismo

 O neurologista infantil Helio Van der Linden informou que o Instituto São Rafael, em Milão, tem desenvolvido uma linha de pesquisa baseada em terapia gênica nas doenças lisossomais, grupo que inclui boa parte das leucodistrofias. Este tratamento consiste no transplante, com a obtenção de células-tronco do tecido da medula óssea do próprio paciente, e a incorporação e integração do gene da enzima deficiente, a arisufatase A, através da utilização de um vetor viral. Esse vírus seria capaz de levar para dentro do núcleo das células-tronco obtidas o material genético capaz de produzir a enzima.

Carlos Eduardo e Ana Carolina sofrem de leucodistrofia metacromática - Goiânia (Foto: Arquivo pessoal)
Carlos Eduardo antes de apresentar os primeiros
sintomas da doença
 
Após a reimplantação destas células no organismo do paciente, as células descendentes das enxertadas seriam capazes de migrar para região encefálica atingida, que passaria a estabilizar a evolução da doença e até reverter os danos em fases iniciais.

Este tratamento pioneiro está cadastrado como protocolo clínico de pesquisa, é experimental e altamente complexo. Não existem centros no Brasil que conduzam este tipo de pesquisa. “Como o grupo da Itália está recrutando pacientes das formas infantil tardia e juvenil precoce para tal tratamento, fizemos contato com a Dra. Alessandra Biffi, que aceitou a introdução da Ana Carolina no protocolo e o tratamento foi realizado”, explicou o médico.

Doença
A leucodistrofia metacromática é uma doença geneticamente determinada bastante rara que leva a uma destruição da mielina, um tipo de “encapamento” do nervo que permite que o estímulo se propague, explicou o especialista em neurogenética Fernando Kok, do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP). A falta de produção da enzima conhecida como arilsulfatase A, segundo o médico, é a causa do mal que leva à perda da coordenação motora, da habilidade de andar, falar, ouvir, enxergar e interagir.

Estima-se que este tipo de leucodistrofia ocorra em 1 para cada 100 ou 200 mil nascimentos, sendo encontrado no mundo todo. Não há dados estatísticos brasileiros. Segundo Fernando Kok, ele é mais frequente quando os pais são de alguma forma aparentados.

Crianças com leucodistrofia metacromática em Goiânia (Foto: Gabriela Lima/G1)
 
Pais de Ana Carolina e Carlos Eduardo acreditam
em melhora dos filhos
 
O tratamento no Brasil que se mostrou mais efetivo contra leucodistrofia metacromática é o transplante de medula óssea. No entanto, deve ser realizado antes do aparecimento dos sintomas da doença. "Ele atenua o seu curso, mas não evita o aparecimento dos sintomas, especialmente nas formas de início precoce", explicou o especialista.

De acordo com Kok, existem estudos no país conduzidos com apoio de laboratórios farmacêuticos, de se realizar a infusão da enzima deficiente (arilsulfatase A) por meio de uma cânula inserida diretamente no cérebro. A expectativa é de que esta enzima seja capturada pelas células e, com isso, se conseguiria repor a enzima deficiente, evitando a instalação/progressão dos sintomas. No entanto, o especialista destaca que as pesquisas estão em fase "bastante inicial".

Sobre a busca de tratamentos oferecidos por clínicas no exterior, o neurogeneticista afirma que os procedimentos alternativos são realizados, na sua maior parte, em países que carecem de uma regulamentação. Segundo ele, o que é feito na China, no Peru, em Barbados e na Ucrânia não tem acompanhamento apropriado, aprovação por comissão de ética em pesquisa e validação científica.
"É muito importante que existam terapias inovadoras para doenças até o momento sem tratamento efetivo, mas isto tem de ser feito com supervisão externa, aprovação da comissão de ética, acompanhamento adequado e objetivos mensuráveis. Tem ainda que, obrigatoriamente, ser gratuitas", avalia Fernando Kok.

Para ajudar

 As pessoas que quiserem ajudar a família podem contribuir com doações para a Agência 7934 na Conta Poupança 06325-1/500 do Banco Itaú, no nome de Carlos Eduardo Fernandes Rocha. Para informações o telefone disponível é (62) 9257-0083. O extrato mensal da conta é afixado no mural da Igreja Sagrada Família, na Vila Canaã, em Goiânia.

Células-tronco

As células-tronco são células que possuem grande capacidade de transformação e, por isso, podem dar origem a diferentes tecidos do corpo humano. Elas são retiradas principalmente do cordão umbilical e da medula óssea.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

OBESIDADE INFANTIL AINDA MAIS CEDO

Crianças enfrentam doenças relacionadas à obesidade cada vez mais cedo
Tratamentos para a obesidade infantil

Prevenir o ganho de peso das crianças e evitar uma evolução para o quadro de obesidade é o grande desafio atual dos pediatras brasileiros. O número de crianças pequenas acima do peso é cada vez maior: dados do IBGE já mostraram que em meninos e meninas entre 5 e 9 anos as taxas de obesidade cresceram cerca de quatro vezes em um período de dez anos, de 4,1% a 16,6% e 2,4% para 11,8%, respectivamente. Por isso, crianças estão apresentando doenças antes quase que exclusivas de adultos, como a síndrome metabólica, convivendo com hipertensão, colesterol alto e diabetes desde cedo.
Diante desse quadro, existe a necessidade de frear esse crescimento o mais depressa possível. "A percepção dos pais é totalmente equivocada. Muitos não reconhecem que o filho está acima do peso e outros acham que gordura é saúde", explica Virgínia Rezende Silva Weffort, presidente do departamento de nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Cuidado começa no pré-natal — Em geral, o momento mais claro do acúmulo de gordura começa na faixa dos dois anos de idade, quando a criança começa a ter acesso a outros alimentos e uma dieta menos restritiva. Também nessa fase, a ida ao pediatra fica cada vez menos frequente – ocorrendo somente por conta de doenças pontuais. "O pediatra precisa assumir o papel de alertar a família. Ele sabe quando a curva do peso não está bem. Mesmo que o pai leve só para tratar uma amigdalite, é preciso alertar. Mas eles não fazem isso, ficam constrangidos de falar em obesidade quando o motivo da consulta é outro", diz Durval Damiani, endocrinologista pediátrico do Hospital das Clínicas de São Paulo.
As orientações de uma dieta ideal para a prevenção da obesidade devem começar desde o pré-natal. Weffort explica que as placas de gordura nos vasos começam a ser formadas dentro do útero, por conta da influência da dieta da mãe e de fatores genéticos. Depois do nascimento, a formação ocorre de acordo com a alimentação complementar da criança. "Quanto pior a alimentação, mais rápido as placas podem se formar. Isso aumenta a pré-disposição para hipertensão, diabetes, acidente vascular cerebral, entre outros", diz Virgínia Weffort.
Até o sexto mês do bebê, é preciso garantir que a alimentação ocorra somente por leite materno, já que pesquisas mostram que isso diminui o risco de se tornar uma pessoa obesa no futuro. Na alimentação complementar, os pais costumam errar nos ingredientes da papinha. Em vez de repetir o mesmo sabor várias vezes na semana, é preciso variar os sabores, com todos os nutrientes e não só carne – por exemplo.
Exemplo dos pais — No momento em que a criança começar a partilhar dos hábitos alimentares da família, é preciso redobrar a atenção. O exemplo dado pelos pais é importante nessa transição e pode determinar o peso futuro da criança. "Muitas mães estão obesas. Quando elas escutam que o filho está acima do peso, dizem que só eles precisam fazer dieta", afirma Weffort. Cada paciente tem uma história diferente, por isso, pediatras devem adotar estratégias que funcionem para cada criança. "Precisamos entender melhor a obesidade. Existe uma relação genética, a diferença de paladar, se você gosta ou não de determinados alimentos, se faz ou não atividades físicas", diz Durval Damiani.
O endocrinologista acredita que é preciso haver uma mobilização dos médicos, das famílias e também das escolas — não só no ensino de uma nutrição ideal, como também na disponibilização de produtos mais saudáveis. "Todo mundo sabe que tratamento da obesidade implica em adoção de hábitos saudáveis como dieta e exercício. Agora, depois que ela está instalada é muito mais difícil para o paciente. Por isso, a importância da prevenção", diz Damiani. Segundo ele, as taxas de sucesso de tratamento de obesidade em crianças é muito baixa e não passam de 10% nos pacientes que conseguem retornar para o peso normal.
Algumas estratégias podem ajudar na reeducação alimentar e pequenas perdas e mudanças de hábitos são capazes de reduzir os riscos relacionados a doenças que surgem com o excesso de peso. Confira na lista abaixo:



QUANTIDADE

A redução do tamanho das porções é uma estratégia eficaz para ser adotada. Não é preciso excluir e substituir todos os alimentos que a criança gosta, apenas reduza a quantidade consumida.



NOVIDADE

Em um segundo momento, os pais devem apresentar e estimular o consumo de alimentos que a criança nunca provou. É possível dar um visual diferente para saladas e legumes, por exemplo.



PREPARO

Mudar o preparo dos alimentos reduz significativamente a quantidade calórica presente neles. Por exemplo, substituir um filé à parmegiana com batatas fritas por um bife grelhado e batatas assadas.



ENSINO

Quando a criança tiver idade suficiente para entender, vale a pena explicar o papel dos alimentos para uma vida saudável e sem complicações de saúde.






ATIVIDADE

Indica-se limitar o tempo de atividade sedentária (televisão, computador, videogame) até duas horas por dia. Além disso, é preciso estimular a prática de 60 minutos diários de atividade física.