sofrem com sol, mas
impulsionam
a medicina.
Pesquisa identifica mutação
genética que causa doença rara .
Elas não suportam a luz do Sol, mas
dão contribuições inestimáveis à
pesquisa científica.
As chamadas
"crianças da Lua" sofrem de uma rara
doença chamada xeroderma
pigmentoso, que deixa sua pele com sensibilidade extrema à luz solar.
Apesar do sofrimento desses
pacientes, o estudo do mal levou os
médicos a entenderem melhor o
câncer e o envelhecimento precoce. "Estudando células desses pacientes ,
muitos estudos ajudaram-nos a
conhecer melhor as causas do câncer,
e como combatê-lo, e, mais
recentemente, as causas de
envelhecimento", diz o professor Carlos Menck, do Departamento de
Microbiologia da Universidade de São
Paulo (USP). Segundo o professor ,
esses pacientes têm propensão a
desenvolver câncer e envelhecimento
precoce. Menck explica que os pesquisadores descobriram que as
"crianças da Lua" não têm sistemas de
reparo de DNA. Como o código
genético é danificado pelos raios do
Sol, se chegou à conclusão que são
esses danos que provocam o câncer. "Sabe-se hoje que são as mutações
genéticas que causam o câncer", diz o
professor. Causas O xeroderma pigmentoso é causado
por um gene recessivo. "A causa é a
existência de genes mutados (alelos
não funcionais), de forma qu e
apresentam uma herança autossômica
recessiva. Simplificando, dois genes com problemas, um vindo do pai e
outro da mãe. Se os dois forem não
funcionais, a criança terá problemas
com essa doença. No caso, os genes
são conhecidos como genes XP", diz o
pesquisador. Menck explica ainda que os sintomas
surgem muito cedo, geralmente
diagnosticada em crianças.
"Normalmente essa doença aparece
muito cedo, com uma alta
sensibilidade à luz solar, antes de 1 ano (de vida). Alguns casos menos
sensíveis podem passar não
diagnosticados por falta de avaliação
médica correta. Então as pessoas
aparecem com tumores nas regiões
expostas à luz do Sol - em geral, na face - muito cedo, antes dos 10 anos, e
então pode haver o diagnóstico." Conforme o médico, alguns pacientes
conseguem levar uma vida normal,
mas desde que com muita cautela -
sempre com um protetor solar de, no
mínimo, fator 50. "Mas evitar a luz,
invertendo o dia pela noite, certamente é importante", afirma o
pesquisador. O Brasil está preparado para tratar
essa doença? "Infelizmente, existem muitos locais
do País onde os médicos
desconhecem a doença e não fazem o
diagnóstico claro. E infelizmente para
esses pacientes, nosso país tem muito
sol, e os protetores solares são muito caros. Eles precisam desses protetores!
Uma possibilidade seria que os
pacientes recebessem protetores
como os carteiros, mas tem que ser
protetores com FPS maior que 50", diz
o professor. "Poucos grupos trabalham com isso.
No Brasil recentemente foi formada a
ABRAXP, que é uma associação de
familiares desses pacientes, que tem
desenvolvido um papel fundamental.
O Hospital do Câncer A. C. Camargo também está desenvolvendo um
trabalho com esses pacientes e
propiciando muita ajuda a eles." Saiba mais A doença atinge uma pessoa a cada
200 mil nascimentos (no Japão e no
norte da África ela é um pouco mais
comum, uma pessoa a cada 100 mil),
segundo estimativas. Para explicar
melhor esse mal, Menck vai proferir uma palestra no auditório do centro
Estação Ciência, da própria USP. O
evento ocorre em 17 de setembro, um
sábado. Serviço
Data: sábado, 17 de setembro Horário: 15h Local: Estação Ciência - Auditório (Rua Guaicurus, 1394, Lapa, São
Paulo) Vagas: 190, preenchidas por ordem de chegada Público-alvo: todos os interessados Custo: gratuito
Mais informações: eventos@eciencia.usp.br / (11) 3871
6750
Fonte: Terra