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terça-feira, 4 de outubro de 2011

CATAPORA

A varicela (também conhecida no Brasil como catapora) é uma doença infecciosa aguda, comum na infância dos seres humanos, altamente transmissível e causada pelo vírus varicela-zóster, também conhecido como HHV3 (human herpes virus 3). O zóster é uma doença da velhice, uma forma reincidente tardia dos vírus da varicela que permanece dormente nos gânglios nervosos.

 

Epidemiologia

É altamente infecciosa com mais de 90% dos contactos suscetíveis sendo infectados. A transmissão é via aérea, em gotas aerossolizadas de espirros ou tosse, ou pelo contato com pele infectada. A varicela é quase exclusivamente uma doença de crianças, enquanto a zóster é uma doença de idosos. A transmissão do vírus de idosos com zóster para crianças que depois desenvolvem varicela é uma importante via de infecção.

Progressão e sintomas

A varicela é uma de cinco doenças da infância com exantema. As outras quatro são sarampo, roséola, rubéola e eritema infeccioso.
Varicela no quinto dia
Entra no corpo pela faringe ou pela conjuntiva do olho. Multiplica-se e dissemina-se pelo sangue, até a pele. O período de incubação até o surgimento das pústulas é de cerca de 12 dias.
Os sintomas iniciais são febre e erupções maculopapulares (exantemas), seguidas de erupções vesiculoeritematosas muito pruriginosas (ou seja, pústulas que causam comichão). As pústulas apresentam-se com base vermelha e cúpula transparente ("gota de orvalho em pétala de rosa"), com cerca de 3 milímetros de diâmetro. Várias gerações de exantemas surgem durante cerca de 4 dias, com vários estágios em zonas diferentes ao mesmo tempo (ao contrário da varíola). Os exantemas são mais frequentes na região torácica, mas podem aparecer em todo o corpo, incluindo no couro cabeludo e na mucosa oral.
A varicela é geralmente inofensiva, exceto em doentes com imunodeficiência ou em neonatos, em que pode causar infecções do cérebro ou do pulmão potencialmente mortais. Nos adultos, os sintomas são mais sérios e a doença mais perigosa e, ainda que geralmente de resolução sem problemas, pode ocorrer pneumonia intersticial (em 20% dos casos adultos ou na adolescência). Contudo existem casos em adultos com problemas renais onde a doença pode-se agravar causando falha renal.

Zóster

Durante o episódio de varicela, geralmente na infância, alguns vírus invadem os gânglios nervosos espinhais e/ou dos nervos cranianos, onde permanecem na forma latente, sem se multiplicar e sem causar danos ou sintomas.
Muitos anos depois, tipicamente na velhice, o envelhecimento do sistema imunitário leva à moderada imunodepressão, e o vírus é reactivado. Contudo a imunidade adquirida pelo individuo é ainda suficiente para impedi-lo de causar novo episódio de varicela sistémica. Em vez disso, ele limita-se a multiplicar-se nos nervos sensitivos da raiz espinhal em que foi reactivado. O resultado é a zóster. Esta é uma condição extremamente dolorosa cutânea, que se limita à faixa da pele (dermatoma), bem delimitada, inervada pelo nervo sensitivo afectado. A pele apresenta-se extremamente sensível ao toque, com dores, e maculas vermelhas infecciosas semelhantes às da varicela. Alguma dor pode persistir após resolução da infecção devido aos danos causados em 30% dos idosos afectados.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é por detecção do DNA viral por PCR; ou detecção dos antigénios virais ou anticorpos específicos por imunofluorescência.
Não há cura, mas os fármacos antivirais acicloguanosina, aciclovir ou famciclovir podem ser úteis em reduzir a duração ou severidade dos sintomas. Existe uma vacina mas o baixo perigo e os problemas potenciais com a vacina tornam-na polêmica. É comum até crianças que ainda não foram infectadas serem enviadas para brincar com as doentes, de forma a sofrerem a inócua varicela infantil e ficarem protegidas para sempre da mais perigosa forma adulta (mas não do também inócuo Zóster).
Os vírus são invisíveis e podem infeccionar as feridas. Normalmente, as cicatrizes escuras da catapora são decorrentes de infecções secundárias.

Cuidados locais

Banhos com permanganato de potássio ou soluções iodadas são comumente aconselhados para aliviar a coceira e cicatrizar rapidamente as feridas. No entanto, não há comprovação científica de que o uso dessas substâncias seja benéfico. Essa prática pode inclusive resultar em danos, incluindo queimaduras e reações alérgicas. Se houver início de infecção, antibióticos podem ser receitados. Procure sempre o médico antes de tomar qualquer remédio. Se as dores de cabeça ficarem fortes, é possível que tenha surgido alguma complicação.
Entre os cuidados sugeridos ao paciente durante o período de infecção, estão cortar sempre as unhas e deixá-las limpas, evitar o contato com pessoas com baixa capacidade de defesa, usar roupas leves, para evitar calor e aliviar as coceiras, usar luvas na hora de dormir, e evitar ao máximo coçar a varicela, porque marcas podem ficar para sempre no corpo.
O diagnóstico é clínico. É uma doença que não faz muito mal e a cura é feita com o próprio organismo. Atualmente, as complicações mais importantes acontecem por contaminação com bactérias. Gestantes, recém-nascidos e indivíduos com defesas baixas são casos que necessitam atenção especial.

Vacinas

Existe vacina que deve ser recebida na infância a partir dos 12 meses de vida e reforço entre 4 e 6 anos de idade. Uma única dose, na ausência do reforço, pode não prevenir a doença mas faz com que essa seja bem mais leve e pouco sintomática. Muitas vezes a varicela nos vacinados pode nem ser notada e diagnosticada. A vacina também pode ser fornecida às pessoas não vacinadas que tiveram contato próximo com doentes, para evitar ou amenizar o quadro da varicela.[1] Mas, para isso, devem receber em no máximo até o quarto dia após o contato com o enfermo, e, além disso, há contraindicações à vacina que necessitam orientação médica.